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Capacitação realizada pelo Comitê Araranguá definiu encaminhamentos para melhorar a reservação hídrica do Sul Catarinense.
Debater sobre o futuro da água no Sul catarinense, com foco na necessidade de armazenar e reaproveitar os recursos hídricos em momentos de necessidade. Este foi o intuito da capacitação sobre “Reservação Hídrica”, realizada pelo Comitê da Bacia do Rio Araranguá e Afluentes Catarinenses do Rio Mampituba nesta sexta-feira, 19. A atividade ainda evidencia que as metas elencadas para a região no Plano de Recursos Hídricos da Bacia do Rio Araranguá estão sendo retiradas do papel, com objetivo de, no futuro, serem efetivamente colocadas em prática.
Como encaminhamento, definiu-se que o Comitê irá elaborar uma normativa, a ser aprovada em assembleia, destacando a necessidade da reservação hídrica. Futuramente, esse documento será enviado às entidades membro e ambientais da região, integrando as informações e ações a serem estabelecidas para a captação e utilização dos recursos hídricos que podem ser armazenados.
Além disso, de acordo com a assessora técnica do Comitê Araranguá, engenheira ambiental Michele Pereira da Silva, os presentes também reforçaram a necessidade de se trabalhar a educação ambiental voltada para a sensibilização dos atores estratégicos. “Principalmente no que diz respeito à redução do consumo de água e a importância de se desenvolver uma nova cultura de preocupação com os recursos hídricos, não simplesmente pensando em obras de engenharia para construção dos locais de armazenamento, mas trabalhando com o envolvimento social junto ao conhecimento técnico”, completa.
Conforme o coordenador estadual do Programa Grãos da Epagri na extensão rural, Donato Lucietti, que foi um dos instrutores da capacitação, uma das atividades que demanda de muita água na região é a produção do arroz irrigado. “Até chove bastante por aqui, mas o problema é que não guardamos essa água pra ser usada nos momentos de estiagem. Poucos produtores criam açudes, normalmente são só aqueles que mais sofrem com falta de água na lavoura. O primeiro passo para a mudança é o conhecimento, assim envolvemos os participantes em um processo de conscientização, para que depois eles tomem decisões mais acertadas”, ressalta.
Um dos participantes da capacitação foi o agricultor Antônio Porto, que é presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Jacinto Machado e da Associação de Proteção da Bacia Hidrográfica do Rio Araranguá (AGUAR). “Vim buscar informações para repassar aos produtores, uma vez que a cultura que mais utiliza a água é a do arroz e, em Jacinto Machado, há muita gente trabalhando na rizicultura. Acredito que nossos agricultores estão bem conscientizados sobre a reservação de água, tanto que muitos já criam seus açudes”, completa.
Também atuou como um dos instrutores da capacitação o vice-presidente do Comitê Araranguá, Sérgio Marini. “O Plano da Bacias do Rio Araranguá elencou o aumento da disponibilidade hídrica como primeira meta da região, no que diz respeito à preservação e gestão da água. Atualmente, em momentos de maior demanda, já são registrados conflitos pelo uso da água no Sul do Estado, uma vez que não estamos preparados para armazenar todo o recurso hídrico que nos é colocado à disposição. Por isso debater sobre o tema nesse evento foi tão importante”, destaca.
Por fim, para o presidente do Comitê Araranguá, Luiz Leme, um dos principais ensinamentos repassados na capacitação trata da contribuição que cada pessoa pode dar na questão abordada. “Quando se fala em reservação hídrica, muitos pensam em grandes empreendimentos, como barragens e represas. No entanto, a capacitação mostrou que é possível criar açudes nas próprias propriedades rurais, por exemplo, para utilizar em momentos de necessidade e, assim, salvar suas respectivas as lavouras. Foi um dia de aprendizado muito útil”, finaliza.