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O ano é 1971 e os recursos disponíveis para o trabalho são escassos. O novato Amauri de Souza não se intimida, afinal de contas, o ideal profissional de seguir a tradição familiar de policiais havia se concretizado. A juventude dava a energia para cumprir a escala apertada. Passados, agora, 48 anos da posse em 9 de fevereiro daquele ano, o agente de Polícia Civil será homenageado pela Delegacia Geral como o policial civil mais antigo ainda em atividade e relembra com saudosismo o início da carreira.
Ele conta que a tecnologia da época para produção dos documentos era a máquina de escrever, mas, como a delegacia só possuía uma para o escrivão, os agentes registravam os boletins de ocorrência manuscrito, em livros. Para deslocamento em diligências, a viatura era um Jeep. “Quando esta viatura ia para o conserto, a vítima pagava o táxi para irmos prender o autor do caso dela”, recorda Amauri, achando graça da situação, já que, hoje em dia, há muita facilidade para exercer o trabalho policial.
O título que o agente da Central Regional de Plantão Policial (CRPP) de Criciúma receberá faz parte das comemorações dos 207 anos da Polícia Civil de Santa Catarina. Ele participará da solenidade na Academia de Polícia, em Florianópolis, neste 29 de julho, data oficial do aniversário da instituição, que terá participação do delegado geral, Paulo Norberto Koerich, e do governador do Estado, Carlos Moisés da Silva. Sobre a homenagem, Amauri enaltece: “Fiquei surpreso, pois têm colegas que merecem muito mais do que eu”.
Todas as Delegacias Regionais do Estado terão sua programação local. A 6ª Região de Criciúma contará com ações institucionais de aproximação com a sociedade e outras internas de valorização do efetivo. A Semana Comemorativa será de 29 de julho a 3 de agosto, contará com panfletagens educativas, exposição de artigos históricos, torneios de tiro e futebol. Também haverá homenagens locais, com a entrega do título de “Amiga da Polícia Civil” à juíza criminal, Débora Driwin Rieger Zanini; e do “Policial Civil Destaque 2019”, que será condecorado o agente Amauri de Souza.
A homenageada, que é filha de delegado aposentado, enaltece a honraria, destacando sua admiração pela Polícia Civil. “Sei das dificuldades que vocês enfrentam no dia-a-dia. Sei que em vocês o crime chega no estado bruto, de forma nervosa, acalorada e vocês de forma incansável, com inteligência, eficiência, perspicácia e muito trabalho conseguem depurar esta situação toda, de modo que ela chegue saneada às portas do Judiciário”. A juíza Débora afirma que “sem a Polícia Civil a justiça não teria condições de ser concretizada” e que a confiança nela depositada com o título é mútua.
O delegado Regional de Criciúma, Vitor Bianco Júnior, explica que a Polícia Civil é aquela que atua no pós-crime, por isto, discreta, sem farda, inserida no contexto dos fatos criminosos para buscar a verdade sobre eles. “Estamos presentes na sociedade, mas não somos vistos, porque nossa função é investigar e apurar a autoria dos crimes que não puderam ser prevenidos”, define. A 6ª Região de Criciúma é historicamente destaque estadual no trabalho policial civil. O gestor local atribui este mérito ao comprometimento e dedicação do efetivo, que “faz a diferença, de modo que colaboramos em muito para alavancar os números que colocam a PCSC entre as melhores do País”.
A 6ª Delegacia Regional abrange 12 municípios: Balneário Rincão, Cocal do Sul, Criciúma, Forquilhinha, Içara, Lauro Muller, Morro da Fumaça, Nova Veneza, Orleans, Siderópolis, Treviso, e Urussanga. Ao todo, são 17 unidades, onde atuam 157 policiais: agentes, escrivães, psicólogos e delegados. Por ano, são registrados mais de 22 mil Boletins de Ocorrência e instaurados cerca de 3 mil inquéritos policiais. A Polícia Civil é uma das poucas instituições que possuem porta aberta ao atendimento público 24 horas por dia, o ano todo.
A criação da Polícia Civil de Santa Catarina tem como origem a data de 29 de julho de 1812. Este marco coincide com a nomeação do desembargador Francisco Lourenço de Almeida para o cargo de “intendente geral de polícia” da Capitania de Santa Catarina. Ele exercia o ofício com poderes judicial, policial e administrativo. A sua investidura na “intendência” é considerada como o marco da criação do Tribunal de Justiça e da Polícia Civil de Santa Catarina.
O cargo de delegado e subdelegado surgiu da necessidade do “intendente geral de polícia” do reino delegar competências país afora. Enquanto que o Código de Processo Criminal do Império, de 1832, criou nas províncias as “chefias de polícia”, surgindo, então, o “juizado de paz”, os cargos de “escrivão de paz” e “inspetor de quarteirão”. O comando da instituição é denominado de Delegacia Geral desde 1991. Atualmente, são 3.447 policiais do efetivo ativo, atuando em 441 unidades.