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Antidepressivos auxiliam no tratamento de pacientes com insônia

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A trazodona (antidepressivo) pode ser uma medicação efetiva para retirada de benzodiazepínicos (ansiolítico) em pessoas com insônia crônica, melhorando a qualidade do sono. A conclusão é resultado de um artigo publicado no Jornal Brasileiro de Psiquiatria pelos acadêmicos da Unesc: Franciele Tibola, Giliane Franco de Lima, Giancarlo Lucca e Kristian Madeira e o pneumologista e especialista em medicina do sono, Fábio Fabrício de Barros Souza, que é presidente da Associação Brasileira do Sono em Santa Catarina. O estudo foi realizado durante seis semanas, em Criciúma, com pacientes que apresentavam casos graves de insônia e possuíam dependência de remédios para ansiedade, que muitas vezes são prescritos para pessoas com distúrbios do sono.

“Os benzodiazepínicos servem para o tratamento da ansiedade e apresentam resultados positivos, mas para o tratamento de distúrbios do sono é ruim. Isso porque essa medicação superficializa o sono, deixando a pessoa mais nos estágios 1 e 2, do que 3 e REM(sono profundo), períodos essenciais. A pessoa irá dormir mas ficará com efeitos de uma ressaca de bebida alcoólica. As ondas cerebrais mudam e produzem efeito de tolerância e dependência da medicação”, explica o especialista em medicina do sono.

Ao final do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de medicina da Unesc foi possível avaliar que, pacientes insones e dependentes de benzodiazepínicos alteram consideravelmente a qualidade do sono quando retiram a medicação e substituem por determinados tipos de antidepressivos. A constatação foi feita por meio de questionários e polissonografia (exame do sono), aplicados na Clínica Pulmonar, parceira durante o desenvolvimento do TCC.

Antidepressivos no combate de insônia crônica

A trazodona é um antidepressivo que induz ao sono, sendo que não apresenta efeitos prejudiciais como os benzodiazepínicos. “Criamos um esquema tático, dividindo: pacientes que estavam usando os ansiolíticos há muito tempo e desenvolvemos um cronograma. Ao longo da pesquisa, fomos reduzindo progressivamente a dose dos benzodiazepínicos até suspendermos o uso, sem o paciente apresentar síndrome de abstinência. Paralelamente, aumentamos progressivamente a dose do antidepressivo, sem problemas”, pontua Dr. Fábio.

Ao final do estudo foram realizadas novas polissonografias e comparadas aos exames iniciais, através do procedimento foi possível concluir que os pacientes: melhoraram os estágios do sono, roncaram menos e evoluíram nos questionários de sono. Além de ressaltar que, em termos de qualidade do sono os antidepressivos podem servir como terapia substitutiva dos ansiolíticos, de maneira segura e eficaz.

Consequências do uso excessivo de ansiolíticos

Segundo o médico, quando os pacientes tentam retirar a medicação, eles sofrem de síndrome de abstinência, assim como acontece com as drogas e o álcool. Em relação à Apneia Obstrutiva do Sono (AOS), os pacientes podem ter predisposição para desenvolver essa condição, pois apresentam pausas respiratórias significativas, queda do oxigênio, modifica a ventilação aos pacientes com problemas crônicos, além disso, os benzodiazepínicos relaxam a musculatura da garganta causando mais ronco.

Evolução da medicina do sono e impacto na sociedade

“Existem poucos estudos em relação à insônia crônica em pacientes dependentes de comprimidos para dormir, como os ansiolíticos, que tentam retirar a medicação e menos ainda trabalhos que utilizam terapia substitutiva. Mesmo sendo um grupo pequeno, foi um grupo seleto de pacientes, com critérios para transtorno de insônia em grau grave. A nossa ideia é que as pessoas não façam uso de benzodiazepínicos no combate a insônia e que sim, existem medicações para distúrbios do sono. Outro ponto é que, em relação à insônia, pouco se aplica a polissonografia até porque o diagnóstico é clinico mas existem outros problemas que podemos avaliar através deste exame”, complementa o presidente da Associação Brasileira do Sono SC.

Por fim, um dos objetivos dos pesquisadores, mesmo não fazendo parte do estudo, é acompanhar estes pacientes e retirar a trazodona posteriormente. É importante ressaltar que não houve apoio da indústria farmacêutica neste estudo. O artigo está publicado e seu acesso na íntegra é livre no Jornal Brasileiro de Psiquiatria. www.scielo.br/pdf/jbpsiq/v67n2/0047-2085-jbpsiq-67-2-0080.pdf.

Redação – Clara Fernandes

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