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Debate sobre internação involuntária de dependentes químicos ganha força na Câmara de Criciúma

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As tratativas envolvendo a dependência química, as quais também englobam a internação de usuários e a segurança pública em Criciúma, pautaram o requerimento apresentado pelo vereador Pastor Jair Alexandre (PL) na sessão ordinária da Câmara de Vereadores. O edil requer do Governo Municipal as seguintes informações: Quantas vagas foram disponibilizadas para internação involuntária para dependentes químicos, se existe interesse do município em aumentar o número de vagas e, caso exista, quantas novas vagas disponibilizará. Caso não haja interesse do Executivo, adiando-se a uma possível resposta, o vereador quer saber os motivos.

 

A reivindicação é reflexo de um requerimento anterior, de autoria do mesmo vereador, aprovado por unanimidade em março, do qual, em resposta, o Governo Municipal sinalizou para a adoção da chamada internação involuntária, ou compulsória, de usuários de drogas. A medida iniciou no município de Chapecó sendo o modelo trazido pelo vereador, discutido e aprovado no Legislativo criciumense.

 

A solicitação era de que ao menos 50 dependentes químicos fossem acolhidos em clínicas as quais disponibilizam todo o tratamento necessário com equipes multidisciplinares. Segundo o Pastor Jair, o Município encaminhou, até o momento, 12 dependentes químicos para tratamento via internação involuntária. “Estamos acompanhando de perto o trabalho feito pelas secretarias de Saúde e de Assistência Social. Então esse requerimento vem em função disso. Nós temos vários dependentes químicos na cidade e essas pessoas já tiveram oportunidades de sair dessa vida, já passaram por outras clínicas, mas infelizmente não permanecem até o final, e ficam aí, nas ruas, iguais zumbis, cometendo furtos, de fiação, inclusive em escolas, de grades de alumínio. São pequenos furtos sim, mas que trazem um prejuízo enorme e têm sido constantes”, colocou o vereador.

 

Ele ressaltou que a medida é uma forma de salvar e não de punir. “Tirar essas pessoas das ruas, pois enquanto estão é um perigo constante, não só para a sociedade, mas para a vida delas também. O ideal seria trabalhar na prevenção, mas infelizmente não houve, para não chegar a esse ponto de tirá-las à força e levá-las para uma clínica de reabilitação. Não é para punir, é para salvar. Então esse é o objetivo. De que seja cumprido pelo Município esse projeto atingindo essa meta de 50 internados”, destacou.

 

Na tribuna

 

O vereador Paulo Ferrarezi (MDB) parabenizou o requerimento apresentado pelo colega de Legislativo e também debateu sobre a problemática. “Conheço pessoas que tiveram que fazer financiamento para pagar traficantes. Pessoas das quais auxiliei para encaminhamento à clínica, com resultado positivo. Mas o bom mesmo era que houvesse a prevenção, com educação em tempo integral, o que nosso município já vem adotando. Quem sofre não é só o dependente, é também a família”, colocou.

 

Ferrarezi afirmou ainda que a cada furto que ocorre em uma escola ou em uma unidade de saúde o prejuízo pagaria um tratamento a um dependente. “Prejuízos que chegam até R$ 30 mil. E com esses recursos dá para pagar a internação e recuperar. Todos? Talvez não. Mas eu conheço jovens que se recuperam, com oportunidade de ter uma família, um novo momento para a sua vida. Esse é um projeto para construir o melhor para aqueles que tiveram menos oportunidades”, exemplificou.

 

Sofrimento de todos

 

O vereador Juarez de Jesus (PSD) também subiu à tribuna. “Bom seria que ninguém tivesse contato com as drogas, mas infelizmente essa não é a realidade. Se não tivesse esse formato de internação, não sei o que seria, porque essas pessoas não atinam mais. Elas perderam o controle de tomar decisões sobre a própria vida e, se não mudarem, vão acabar morrendo. Todos que estão próximos sofrem”, complementou.

 

O vereador Albertino Pacheco (PCdoB) opinou sobre a necessidade de mudança na estrutura do país, dentre elas a econômica e educacional, citando ainda a distribuição de renda. “Cinquenta (dependentes) seria um número até pequeno para a demanda da nossa cidade, mas isso é uma medida paliativa. Tem muita pobreza ainda no nosso país. Falta de distribuição de renda. É muita gente ganhando pouco, e pouca gente ganhando muito. A tecnologia também deixou muitos trabalhadores às margens e a droga acaba se apresentando para muita gente, até por uma questão de sobrevivência. Falo isso porque é uma realidade do meu bairro e de muitos de Criciúma. É uma questão delicada e difícil de se resolver”, comentou.

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